sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Tenho fome



Apossa de mim o vazio
No vento que me chega
Não, não tenho frio
É muito mais que isso
Errante e vagaroso
Toma de assalto a mente
Dormente me encontra
Demente insatisfeita
Afinal possuir é brado
Inacabado pela rouquidão
Apossa a alma e o corpo
Na falta da tua mão

Na penumbra a luz
Cintilante da lua
Na sombra vaga
Saudade tua
No rosto o frio
Em cascata consome
O sal da lágrima
Tenho fome!
De palavras bonitas…

sábado, 11 de agosto de 2012

Evidência


Sou o teu calcanhar de Aquiles, assim
Como tu és a minha pedra no sapato
Somos o despiste com grande aparato
Acrobatas saltando de um trampolim

Somos o verde de um grande jardim
O céu à noitinha de um azul-cobalto
Um mar tranquilo, areias no deserto
A luz alva reluzente de um camarim

Que é a vida, somos uno no destino
Por entre o reboliço da existência
Só pode ser pelo poder do divino

Que por vezes me sinto Paladino
Nas nossas altercas sem grande evidência
Pois o nosso crer é crença e genuíno…


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Imaginário


Hoje o dia aparenta ser tranquilo
Passei no largo da igreja estava vazio
O ar seco e tórrido afugenta passantes
Mas nada é como antes

Por detrás das portas fechadas a vida ruiu
Tantas as casas vazias, na tranquilidade aparente
Medito no agora restrito, solidão eminente
O meu pensamento por hora atraiu

Um pombo que esvoaça de pedra em pedra
Cinzento e branco, brancura que assemelha
As fachadas do casario baixo, a calçada envelhece
Nos beirais as teias de aranha envelhecem
A cidade adormecida no suão do verão
Estica-se ao sol e as portas permanecem
Fechadas, e se eu fechasse o coração
Se deixasse de pensar teria paz
Como? Pensarei por ventura
Que uma fria fechadura é a solução.
   
Hoje o dia aparenta ser tranquilo
A mim cabe a decisão de segui-lo
Não vendo, não sentido, evitar o vazio
Mas como se o vazio é propicio ao estio.

E o calor tem em mim efeito contrário
Como que por condão atiça o meu imaginário.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012


 O sol de Agosto

Que me ofertem planaltos no mel dos teus olhos
Quero avançar no lago tranquilo onde repouso
Sempre que a saudade aperta
Quero ir mais além na imaginação desperta
Na grandeza de um dia de Verão

Que o vento me traga o som da tua voz
Para que assim possa repensar o nós
Sou tão pequenina perante a grandeza
Da mente que rebuscando busca a tua imagem
O sol transporta raios de luz, miragem
No deserto do meu dia que anseia liberdade
Para te ter sem amarras ou compromissos
Os tempos são submissos e eu penso

Que a vida corre apressada amanhã olharei
Repararei como foi curta a estrada
Que me ofertem giestas e saramagos
São fortes à intempere agreste
Hoje o tempo é meu aleado, a chuva vem por aí
Igual à saudade que descai do meu olhar
Aí de mim, uma lágrima rebelde chegou por fim
Anuncia chuva no verão que é tórrido
Ofertem-me planaltos
Quem sabe assim vislumbre o teu rosto
Brilhando nos raios deste sol de Agosto.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Querer


Num tanto que sinto
Um querer intrincado
Mas nunca desminto
Nem dou terminado

Meu querer é modesto na forma de ter
É caso pensado momento vincado
Na mente e no ser

Meu querer é tormento por breves instantes
É jura sentida às vezes corrida
Definha sozinha para logo se erguer.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Presença


Na imperfeição que me rege
Quero-te
Com a clarividência dos deuses
Com a suavidade das almas
Que sobrevoam às vezes
Estas planícies do sul

O meu vício és tu
Meu aconchego na noite
Meu alimento e jejum
Só peço a deus que pernoite
Esta presença constante
E que a certeza se afoite

A ir sempre mais longe
Num desbravar paralelo
O meu vício és tu
Que seja sempre singelo
Este aspirar igualável
Aos grandes lagos do sul
Minha firmeza imutável

Quero-te
Com este crer que elege
O teu abraço apertado
O manto que protege
O meu corpo cansado.