sábado, 14 de abril de 2012

Pergunto


Será solidão ou a força do Outono
Emoções experimentadas
Ou raivas exaltadas
Homeose consentida
A falta de um ombro
Onde, gritar, gritar
Os tímpanos rebentar
Por fim a noite finda

Pergunto
Este riso amarelo de que é feito
Sombras vadiam
Sem espalhafato
No alto telhado
Onde me escondo
Na orla das telhas
Pequenas colmeias
Emoções descompensadas

Perguntas inacabadas
Na quietude da tarde
A questão infernal arde
Valerá a pena ilusões adiadas

Ou será somente vontade frustrada
Descair de ombros comodamente
Amofinados silenciosamente
Nos gritos por dar, são meus

Mas não os identifico
Por isso não me convenço
Confortavelmente, envelheço
Então por que o Outono não reconheço.

Vendaval


Gosto do silêncio inacabado
Quebrado pelo Clave compassado
Semibreve um raio de sol seduz o tempo
Breve e longo contratempo
Num sossego pautado pelo esquecimento

Fechada em mim quem sou afinal
Na orla da inquietação não há resposta
Contestação precisa e imposta
Passam os dias onde está o mal

O meu pensamento consente
A penúria que sente um coração retraído
Faz tanto tempo que o tempo vivido
Evaporou-se na exaltada corrente

Gosto do silêncio inacabado
Pautado pela música glaciar
Inesperadamente quebrado
Pelo meu pensar

Quem sou afinal
Sou como folha amarelecida
Arrastada no vendaval
Que ali fica, a um canto esquecida.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Estarei contigo



Não quero olhares incrédulos
Numa incerteza constante
Preciso de braços abertos
De agora avante

A solidez da vida é pó e desvanece
Por mais larga a avenida esta desaparece
Quem o contrário julgar, é cego ou descrente
Certo dia o vagar chegará finalmente

Por fim os pés pesarão, até o peso da mão
Pesará certamente, resta o olhar confiante
De quem soube pesar os passos
Pela jornada adiante sem receio esticou os braços

Por isso erros são erros, quem não errar não é gente
A noite é tenebrosa, mas o dia está logo em frente
Aprende a dar a mão em jeito de ombro amigo
No final da estrada quem sabe estarei contigo.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Diz-me quem sou


Posso
Pedir-te um favor
Daqueles que os amigos fazem
Diz-me quem sou
De quantos vocábulos
Se define o meu ser

Posso
Pousar a cabeça
No teu ombro cansado
O mundo esfrangalhado
Caí em bocados
Eu
Labuto comigo
Uma quezília modesta
Sem regras
Contra regras
Algo que se pareça
Com o vazio
Que habita os sonhos

Posso
Sentar-me a teu lado
Permanecer calada
O verbo vazio
Estrebucha imperfeito
Grande o defeito
De quem tudo cala
Macilenta conversa
Não me salta á boca
Penso e repenso
De que fibra nasci

Ai de mim
Preciso sim
De um olhar atento
Que penetre dentro
Do ser aguado
Resguardo
Encobrindo fracasso
Num passo lento

Arrisco
Uma valsa dançada
Na praia vazia
Que desperte a saudade
Num qualquer dia.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Poema inacabado


Desapareceste
De mim
Angustia remediavél
Superável
Na amizade conseguida

Não deixei de procurar
Mesmo quando chove
Por vezes
Acontece a vontade
O medo de errar
Leva adiante

Desapareceste, sim
Como!
 Podes explicar…
Quem sou eu
Ou tu
Levando palavras
Nos braços nus

Os poetas
Por vezes invisíveis
Semeia-os a mão
Cansada, dolente
Pulsar do coração
Solidão tão solitária
Estrada imaginária

Não desaparece
A liberdade
Olha…
Escondida na ansiedade
A vontade inquieta
Desperta
No poema inacabado.
Por tantos olhos
Ingloriamente julgado.