terça-feira, 27 de março de 2012

Não...


Procuro no vento o elo que esqueci
O caminho perdido água que bebi
A morte, é um punhado de pó vadio
Apesar de tudo denso mas arredio

Indago, quando a morte chegar
O que esperar de lembranças ociosas
Um amor de faz de conta, matreira
É a vida, uma canseira inútil, mentirosa
A noite ao abeirar empurra o desejar

Pela valeta vazia airosa e caprichosa
É a vontade que renego, não
A palavra dita por vezes em surdina
Não, mil vezes não, a morte é ardina
Que grita nos tempos vindouros
A falta de tacto, a falta de amor
Na cor deslavada de uma rosa

Que murcha sozinha embalada pelo vento
Desalento no choro escondido
Falta de tempo que teve, um amor vivido
Sonhado e corrido, foi no vento que o escrevi.

segunda-feira, 26 de março de 2012

A tua imagem


Idas e vindas cavam socalcos defraudados
Pelo ruir de uma dor alheia às vindas inglórias
Às partidas alheadas aos momentos roubados
Ao amor insatisfeito sem vitórias

Os meus pensamentos dispersos estão baços
A lágrima que cai tem a tonalidade do fulgor
Resplandecência na labareda do desejo
Almejo contudo dormir nos teus braços
 A existência é composta de dor

Dor na chegada, um tempo curto
Dor na partida, ausência prolongada
Dor e mais dor retalhos de amor
Ânimo passageiro na madrugada

Nas idas e vindas se perde o sentido
Arrefecem os lençóis desse lado da cama
Desafogam tentações ilusoriamente falando
Julgamento apressado do momento finado

Junta-se-lhe o cansaço fora de horas
Vitórias onde estão, sorrisos que não sei
Gemidos agonizam, tentarei por fim adormecer.
Que o sono me traga o entreabrir de portas

E a tua imagem preencha a noite finda.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Frustração


Pedes palavras
Vocábulos ou doutrinas
Ensinamentos e juras
Aquilo que não sei dizer

Na curva da vida
Pouco do nada importa
Por vezes em parca missiva
Uma certeza, um aprender

Copioso, transfigurada
Num certo sentido ingrata
Para quê semear palavras
Se não se cruzam olhares
Que está a acontecer

Que resta perceber
Ao negar conhecer
As evidências
Altares serão mares
Revoltos no coração
Palavras que não digo
Escuso e renego
Serão palavras reinventadas
Pelos teus ouvidos escutadas
Negadas. A minha frustração.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Passos trocados


Escrito estava no céu meu olhar preso no teu
Nas nuvens pendia o azul de uma promessa vadia
No sol raiava alegria nas estrelas tentação
Por entre a solidão na brancura da lua
Ripostava o coração meu amor eu serei tua

Por fim aconteceu teu olhar preso no meu
Achegou-se lentamente a meus pés a nostalgia
Igual ao rente restolho que resta no fim do Verão
Meu amor a aflição assolou a alma nua
Vincou a frustração de uma paixão seminua

Num tempo que marcou tudo ao longe se finou
Por aqui acaba a estória uma certeza ficou
O amor é caso sério mas nem sempre é risonho
Meu amor restou o marco num percurso migratório

Migro eu e migras tu por atalhos bem diferentes
Tenho eu e tens tu muitos sonhos decadentes
Tudo tem principio e fim menos laços apertados
Meu amor por entre atalhos temos os passos trocados.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O teu olhar magoado


De todas as palavras que aprendi
Amor é palavra que senti
Amor reaprendi, vivi e desbravei
No indagar renasci, abracei
No inventar percorri
Os caminhos que juntei

Aos teus

De todas as palavras que afirmei
Amor a palavra assim sequei
O teu olhar magoado
Por fim meu amor o tempo dado
Ao tempo das palavras que te disse
Amor é a vida assim sentisse
O teu coração cansado

Quem sabe meu amor assim florisse
O teu no meu sorriso desbravado
Quem sabe meu amor então partisse
O tempo que foi ido e tresloucado




Eu chorei


Nas pontas soltas do tempo peguei
Juntei, finalmente as pontas ataram
Lembranças que germinaram
No coração, eu chorei

O relógio no tempo fez uma mossa
Roubou algum tempo de tempo trocado
Pelo caminho deixou um bocado
Roubado á vida que não será nossa
 
Às pontas soltas do tempo implorei
Dá tempo ao tempo, ó tempo sem lei
Aos meus pés um imenso rio
Desnudo vencido submerso o frio
Meu amor juro não imaginei
O tempo em surdina um recado mandou
Deixa o tempo apagar tudo o que roubou